Antonio B. Carvalho

Crianças em seus voos criativos recriam o mundo e suas funções. Uma caneta vira avião. Uma caixa de sapato, nave espacial. Uma garrafa, foguete. Voos que são a imaginação em seu estado pleno de possibilidades. Com Antonio B. Carvalho, carioca que reside em Lumiar, Nova Friburgo, estado do Rio de Janeiro, não foi diferente. Piloto em um percurso iniciado quando menino, inventava através das sobras dos recortes de marcenaria do pai, um artista plástico que produzia cenários, construindo palcos de grandes teatros. Assim Antonio começa sua relação de intimidade com as ferramentas. Já adulto, durante 10 anos as utilizou na fabricação de móveis. Hoje, em suas obras.

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Autodidata, a capacidade criativa de Antonio B. Carvalho abarca possibilidades que foram, inclusive, determinantes para as exposições coletivas que criou, exposições essas que fizeram parte do calendário anual da cidade de Lumiar, iniciando em 2022. A primeira mostra fez parte do evento LumiAR-TE, em agosto e novembro do mesmo ano. Após, o artista em companhia de outros, criou a exposição Lume de artes visuais, que ocorreu na sede da Sociedade Euterpe Lumiarense.

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Antonio B. Carvalho trabalha a partir das diversas formas que os materiais podem apresentar e das sensações que a obra pode provocar no apreciador, partindo de uma perspectiva de sustentabilidade quanto ao material. Ou seja, materiais que poderiam ser simplesmente descartados, mas que ganham novos sentidos a partir da sua técnica, provocando sobre as formas que as mãos humanas podem dar, reaproveitando sobras de marcenarias, folhas, caules e raízes de plantas diversas, muitas vezes complementadas com iluminação, pois, segundo o artista, "a mágica da luz se oculta na matéria bem urdida". Dessa forma, Antonio cria obras com finalidade funcional e design inovador.

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A relação entre homem e matéria e suas múltiplas organizações. A relação de um menino, filho de pais artistas, florescendo em ambientes de teatro, laboratórios de fotografias e espetáculos de música. O voo de Antonio B. Carvalho começa através dos voos cênicos do pai, passando pela musicalidade da dupla Luli e Lucina, formada por sua mãe consanguínea e a de criação, para, por fim, pousar na construção de uma obra artística própria. Seu trabalho, fruto de tantas referências, possibilidades e experimentações, provoca uma reflexão sobre a utilidade e sua presença para além do convencionado. Pensando um mundo que declina nos abusos ao meio ambiente, em busca de uma ruptura com esse formato, o artista usa as formas dos materiais como meio de renascimento, algo possibilitado pela releitura e pela agregação de valor estético/artístico.